domingo, 13 de abril de 2008

A mídia e sua mágica forma de revelar a luz aos cegos... o caso Isabella Nardoni

É fácil distinguir o azul do amarelo. O verde do roxo. O cinza do lilás. E isso não muda facilmente de pessoa em pessoa, com exceção aos daltônicos. Porém quem afirma que o mesmo vermelho que eu vejo é igual ao seu?
A imprensa tem papel fundamental para fazer com que as pessoas distingam o que é bom ou ruim, o que é certo ou errado, o que é verdadeiro ou falso. Às vezes, a imprensa se põe de forma tão ridícula em favor de uma coisa e esquece que aquilo que os indivíduos têm noção nem sequer se aproximam do real, é algo extremamente superficial..
O caso da menina Isabella ilustra bem isso. Para quem não conhece o caso, algo bastante difícil, vou recapitulá-lo pelo bem dos manuais jornalísticos. Isabella Nardoni, cinco anos, nascida num leito de classe média. Sempre amada, foi criada em lares separados, já que seus pais não dividiam a mesma alcova. Na noite de 27 de março foi arremessada do sexto andar de um prédio em São Paulo. As acusações caíram consequentemente em Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da criança. A partir daí, com o auxílio incansável da mídia, a trágica história dessa garotinha virou comoção nacional, tipo como a novela “Duas Caras”. Contudo a população acostumada a viver no ritmo de um folhetim televisivo se envolveu na história e, a partir de conclusões incertas decidiram quem era vilão e mocinho.
Ana Carolina Cunha de Oliveira, a mãe de Isabella, começou a ser idolatrada. “Que exemplo de mãe!”, “Que mulher de força!”, não que ela não seja. Pelo contrário, na minha insignificante opinião ela é uma brava, jamais imaginaria passar por uma situação dessas. Alexandre e sua esposa foram entrando na onda dos incriminados. Perseguidos, execrados, chamados de assassinos. O pior de tudo é que o processo ainda está em andamento, nada foi provado, apesar da tendência ser a da culpabilidade de um dos dois, ou então dos dois.
A imprensa nesse sentido me irrita. Muito! Porque não apenas noticiar os fatos e sutilmente informar à população de tudo o que está havendo. Para que todo esse alarde? Para que essa carnificina? Essa superexposição?
Certo dia um âncora de muito sucesso entre as jovens fez uma pergunta no telejornal: “Porque o povo é tão curioso com essas coisas?”. Será que é ingenuidade demais ou eles são tão burros? Para mim isso foi um truque “aintiiiiiigo” chamado ‘jogar a culpa em cima dos outros’.
Enfim, estou ‘alardeadamente’ revoltado com tudo o que se fez pela memória da imagem desta menina vítima das psicopatias modernas.

P.S: Vale a pena conferir as dezenas de ‘fakes’ da mãe de Isabella no orkut. “Homo homini lupus”, Thomas Hobbes.
P.S 2: Resolvi não colocar nenhuma foto da menina, porque as revistas semanais compraram todas.

2 comentários:

Taty Valéria disse...

A Imprensa brasileira não aprende mesmo... Acho que os anos de chumbo da ditadura acostumaram mal aos anos de liberdade que vieram em seguida.
Menos de vinte anos atrás, o caso da Escola Base, em Brasília, mostrou o quanto a imprensa marrom é capaz pra arruinar definitivamente a vida de uma família. Não aprenderam, querem fazer de novo. Querem acabar com essa família também.

Samuel Dias disse...

Marlos, seu texto ficou excelente!
Parabéns!
Olha, realmente a imprensa é capaz de tudo. De criar os personagens que ela achar mais conveniente e jogá-los nas mãos do público.

Esse fato trágico da menina Isabella me lembrou outro terrível fato de 28 de dezembro de 1992, quando a alegria e o encanto de Daniella Perez foi brutalmente arrancado do nosso meio.
A mídia fez um sarapatel de tudo e até hoje muita coisa é especulada.

Se em casos como esses a mídia cria personagens, imagine quando os personagens existem em uma novela das 8?
Claro, que Guilherme e Paula são psicopátas que nunca mais mereciam a liberdade, mas houve muito sensacionalismo da mídia também.

É isso aí!
Abraço!