sábado, 29 de março de 2008

Não há mais espaço para a dengue no Rio

O que vem se passando no Estado do Rio de Janeiro nestas últimas semanas é meio que indescritível. Já pude presenciar negligência de órgão públicos, mas como na epidemia de dengue carioca é impossível.

A marca de infectados já passa dos 30 mil. Mortos já são 31, sem falar naqueles que faleceram apenas com a suspeita da endemia. Se formos comparar com a maior que já teve nesta país, a do Mato Grosso do Sul (62.419 casos) no ano passado. O resultado é assustador: o Rio é 8 vezes menor que o Mato Grosso do Sul, e já possui metade do número de vítimas. Ou seja, praticamente todos os fluminenses estão infectados.

Como bem expôs o médico e escritor Dráuzio Varela, conhecido também por trabalhos de conscientização sobre doenças tropicais na mídia, o mapa da dengue no Brasil é o mapa da falta de governantes dignos de comandar os destinos de seu povo. Foi assim no Mato Grosso do Sul, depois no Piauí e agora no Rio de Janeiro.

Importantes são atitudes que a justiça vem tomando, e como uma irmã mais velha vai pondo ordem nas crias rebeldes, como a liminar que saiu hoje obrigando o atendimento também às vítimas com suspeita do vírus. Se é que podemos imaginar a falta de atendimento a qualquer pessoa com essa doença traiçoeira.

Das autoridades executivas é bom não esperar muita coisa, pois o que vimos foram carros "fumacê" em perfeita ordem de estado parados e enferrujando. Atitudes como pedir ao Senhor do Bonfim que leve o mosquito pro Oceano Atlântico também é do feitio dessa gente (que o diga César Maia, parafraseando Copélia, "prefiro nem comentar"). Falta conhecimento e vontade por parte dessa laia.

Desejo toda a sorte do mundo ao povo do Rio!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Esse é manual pra jornalista


A literatura e o jornalismo são parentes. Mais especificamente mãe e filha. Pelo menos na minha visão. Porém o filho rebelde vai precisar "comer muita farinha" para se chegar nos pés de sua imortal mamãe. Por isso quando me perguntam qual o manual do jornalismo digo sem pestanejar: a literatura.

Um exemplo bem claro disso está num livro que acabei de ler. "Os Irmãos Karamazov" de Fiodor Dostoievsk é muito mais que um drama, é uma grande reportagem de uma sociedade estagnada na Rússia do século XIX. Por trás de tudo um crime em família.

Fiodor Pavlovitch Karamazov é um homem boêmio. Causador da desordem e das orgias. Pode se esnconder por detrás de seu dinheiro (que é muito por sinal). Assim fez filhos, três assumidos, tratados ao Deus dará ganharam assim destinos distintos.

Ivã é o mais velho, arrogante e perspicaz vive às voltas com a família (apesar de "adular" seu pai por questões financeiras). Não mantém muitas relações com seus outros irmãos, principalmente Dimitri. Homem inteligente, é apaixonado por Catierina Ivanovna que retribui seu sentimento.

Dimitri é o grande rebelde. Assim como o pai adora a vida "do mundo", bebidas e mulheres são seu maior prazer. Foi noivo de Catierina e a humilhou, traindo e roubando seu dinheiro poe conmta de outra mulher, que lhe tira o juízo e faz com que cometa atos impensados: Gruchenka.

Aliéksei, o Aliócha, é o grande protagonista da história. Suas experiências praticamente estão expostas em todo o romance. É um monge. Tem como grande guia o religioso Zózima, homem muito sábio e de história comovente, já em seus últimos instantes de vida.

No meio dessas figuras tão distintas ocorre um assassinato. Tudo volta a crer que o "desmiolado" Dimitri tenha o cometido. Talvez. A partir daí uma rede de relacionamentos e acontecimentos intrigantes.

Outros acontecimentos paralelos também são o forte de Os Irmãos Karamazov. A história de Iliucha é muito comevente e abre espaço para discussão. Outro personagem que mereceria uma história só dele é o garoto Kolia e seu dom de ser "gente grande". Ele merece um texto próprio publicado aqui.

Mas, voltando ao que disse no início da matéria, ler Os Irmãos Karamazov traz um forte aspecto de descrição e narração de fatos, expressões emocionais e reações. Uma aula de jornalismo. Vale ressaltar que a obra é de 1879.

Quem falou que não temos nosso Oscar?

Aqui no Brasil também existe uma academia de artes cinematográficas, como nos Estados Unidos, é a Academia Brasileira de Cinema.

Assim como na academia do "Tio Sam", aqui também se promove uma premiação para os melhores filmes produzidos e exibidos nestas terras, é o "Grande Prêmio Vivo so Cinema Brasileiro". Os filmes concorrerm praticamente nas mesmas categorias que concorrem os do Oscar.

Além dos membros da academia, qualquer um de nós pode votar nos melhores filmes exibidos desde Julho de 2006 a Dezembro de 2007 através do site do órgão www.academiabrasileiradecinema.com.br

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias e Tropa de Elite foram os campeões em indicações, 13 para cada. Logo depois, empatados também estão O Cheiro do Ralo e O Céu de Suely (filmado na minha cidade natal, Iguatu-CE), 11 indicações. Também estão em destaque os filmes Baixio das Bestas e Zuzu Angel, com 6 indicações para cada um. Entre os documentários o grande favorito é Santiago.

O título do prêmio homenageia o "Grande" Otelo e a cerimônia de entrega do mesmo acontecerá dia 15 de abril, no Vivo Rio, a partir das 20h.

Os indicados são:

Melhor Longa-Metragem de Ficção

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger, Caio Gullane e Fabiano Gullane)
Baixio das Bestas (Cláudio Assis e Júlia Moraes)
O Céu de Suely (Karim Aïnouz, Walter Salles, Mauricio Andrade Ramos, Hengameh Panahi, Thomas Haberle e Peter Rommel
O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, Joana e Matias Mariani e Rodrigo Teixeira)
Tropa de Elite (Marcos Prado e José Padilha)

Melhor Longa-Metragem Documentário

Cartola - Música para os Olhos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda)
Estamira (Marcos Prado)
Fabricando Tom Zé (Decio Matos Jr.)
Jogo de Cena (Eduardo Coutinho)
Santiago (João Moreira Salles)

Melhor Direção

Beto Brant e Renato Ciasca (Cão sem Dono)
Cao Hamburger (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)
João Moreira Salles (Santiago)
José Padilha (Tropa de Elite)
Karim Aïnouz (O Céu de Suely)

Melhor Atriz

Andréa Beltrão (Jogo de Cena)
Carla Ribas (A Casa de Alice)
Dira Paes (Baixio das Bestas)
Hermila Guedes (O Céu de Suely)
Patrícia Pillar (Zuzu Angel)

Melhor Ator

João Miguel (Mutum)
Lázaro Ramos (Ó Pai, Ó)
Marco Ricca (A Via Láctea)
Matheus Nachtergaele (Baixio das Bestas)
Selton Mello (O Cheiro do Ralo)
Wagner Moura (Tropa de Elite)

Melhor Atriz Coadjuvante

Alice Braga (O Cheiro do Ralo)
Hermila Guedes (Baixio das Bestas)
Marcélia Cartaxo (Baixio das Bestas)
Silvia Lourenço (O Cheiro do Ralo)
Simone Spoladore (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)

Melhor Ator Coadjuvante

Caio Blat (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)
Daniel de Oliveira (Zuzu Angel)
Germano Haiut (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)
João Miguel (O Céu de Suely)
Milhem Cortaz (Tropa de Elite)

Melhor Roteiro Adaptado

Mutum (Ana Luiza Costa e Sandra Kogut)
Batismo de Sangue (Dani Patarra e Helvécio Ratton)
O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia e Marçal Aquino)
Cão Sem Dono (Marçal Aquino, Beto Brant e Renato Ciasca)
Ó Pai, Ó (Monique Gardenberg)

Melhor Roteiro Original

A Casa de Alice (Chico Teixeira, Júlio Pessoa, Sabina Anzuategui e Marcelo Gomes)
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Claudio Galperin, Cao Hamburger, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert)
Jogo de Cena (Eduardo Coutinho)
Saneamento Básico - O Filme (Jorge Furtado)
Tropa de Elite (josé Padilha, Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani)

Melhor Fotografia

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Adriano Goldman)
O Cheiro do Ralo (José Roberto Eliezer)
Tropa de Elite (Lula Carvalho)
O Céu de Suely (Walter Carvalho)
Santiago (Walter Carvalho)

Melhor Montagem

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Daniel Rezende)
Tropa de Elite (Daniel Rezende)
O Céu de Suely (Isabela Monteiro de Castro e Tina Baez Legal)
O Cheiro do Ralo (Jair Peres e Pedro Becker)
Baixio das Bestas (Karen Harley)

Melhor Direção de Arte

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Cassio Amarante)
O Cheiro do Ralo (Guta Carvalho)
Zuzu Angel (Marcos Flaksman)
O Céu de Suely (Marcos Pedroso)
Tropa de Elite (Tulé Peake)

Melhor Figurino

Noel - Poeta da Vila (Bia Salgado)
Tropa de Elite (Cláudia Kopke)
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Cristina Camargo)
Zuzu Angel (Kika Lopes)
O Céu de Suely (Marcos Pedroso)

Melhor Maquiagem

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Anna Van Steen)
O Céu de Suely (Marcos Freire)
Tropa de Elite (Martin Macias Trujillo)
Zuzu Angel (Martin Macias Trujillo)
Batismo de Sangue (Vavá Torres)

Melhor Trilha Sonora

O Cheiro do Ralo (Apollo Nove)
O Céu de Suely (Berna Ceppas e Kamal Kassin)
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Beto Villares)
Cartola - Música para os Olhos (Cartola)
Tropa de Elite (Pedro Bromfman)

Melhor Som

O Cheiro do Ralo (Guilherme Ayrosa, Alessandro Laroca e Armando Torres Jr.)
Santiago (Jorge Saldanha, Aloysio Compasso e Denilson Campos)
Tropa de Elite (Leandro Lima, Alessandro Laroca e Armando Torres Jr.)
O Céu de Suely (Leandro Lima, Waldir Xavier e Branko Neskov)
Zuzu Angel (Márcio Câmara, Miriam Biderman e Rodrigo Noronha)
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Romeu Quinto, Alessandro Laroca e Armando Torres Jr.)

Melhor Efeito Especial

O Cheiro do Ralo (André Kappel)
Saneamento Básico - O Filme (Bernardo Pacheco)
Mutum (Maurício Beviláqua)
Tropa de Elite (Phil Neilson e Bruno Van Zeebroeck)
Cidade dos Homens (Tamis Lustre, Ricardo Gorodetcki e André Waller)

Melhor Montagem de Documentário

Santiago (Eduardo Escorel e Livia Serpa)
Pro Dia Nascer Feliz (João Jardim, Renata Baldi e Joana Ventura)
Jogo de Cena (Jordana Berg)
Person (Sérgio Mekler e Cristina Amaral)
Estamira (Tuco)

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro

Babel (Alejandro González Iñarritu)
A Culpa é do Fidel (Julie Gravas)
Os Infiltrados (Martin Scorsese)
Pequena Miss Sunshine (J. Dayton e V. Farias)
A Vida dos Outros (Florian Henckel Von Donnersmarck)
Volver (Pedro Almodovar)

Melhor Longa-Metragem de Animação

A Turma da Mônica em uma Aventura no Tempo (Maurício de Souza)
Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'Roll (Otto Guerra)
Brichos (Paulo Munhoz)

Melhor Curta-Metragem de Ficção

Beijo de Sal (Fellipe Barbosa)
Paralelos (Alexandre Basso)
Saliva (Esmir Filho)
Satori Uso (Rodrigo Grota)
Severa Romana (Sue Pavão)

Melhor Curta-Metragem Documentário

A Cidade e O Poeta (Luelane Corrêa)
Cora Coralina: O Chamado das Pedras (Waldir Pina de Barros)
Frequência Hanói (Daniel Lisboa e Diego Lisboa)
Infernos (Frederico Machado)
Saba (Gregório Graziosi e Thereza Menezes)

Melhor Curta-Metragem de Animação

Até o Sol Raiá (Fernando Jorge e Leanndro Amorim)
O Jumento Santo e a Cidade que se as Acabou antes de Começar (Leonardo Domingues e William Paiva)
Tyger (Gulherme Marcondes)
Vida Maria (Márcio Ramos)
Yansan (Carlos Eduardo Nogueira)

quinta-feira, 13 de março de 2008

De camisola


Foi assim que a apresentadora do SBT Adriane Galisteu apresentou seu programa "Charme" na madrugada desta terça (11). Remanejada mais uma vez de horário, dando seu espaço vespertino mais uma vez ao programa "Fantasia", Galisteu explicou sua vestimenta afirmando que àquela hora (por volta das 2 da manhã) seus espectadores também estariam da mesma forma e até quase dormindo.

Seu programa que consiste numa distribuição sistemática de dinheiro a pessoas que se prestam o serviço de ligar já vem desagradando a apresentadora faz tempo. Acostumada com seus programas musicais e de entrevista, a aspirante a Hebe Camargo ri de toda essa situação e utiliza métodos toscos como os vistos em programas pagos como por exemplo, "Hyper QI". Sorridente dizia: "Não me abandonem! Não me deixem aqui sozinha!".

Apesar de todo preconceito com sua figura, admiro a Adriane e acredito que ela pode render bem mais do que é oferecido na TV de cunho popular, basta apenas "Seu" Sílvio ousar e apostar em algo mais seguro e, de preferência, sem fins lucrativos.

Vales ressaltar que sua camisola tinha a figura da fada Sininho, da Disney.

Acho que quando ela atende algum participante que vem com o código "Como vai Galisteu?" sua vontade é dizer "MUITO MAL!".



Foto (FolhaOnline)

terça-feira, 11 de março de 2008

Porque não perco um capítulo de “Queridos Amigos”


“Caía a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos”, para quem não sabe (algo bem difícil) essa música se chama “O Bêbado e A Equilibrista”, imortalizada na voz de Elis Regina. Toda vez que ouço sua melodia, sua letra, parece que é a primeira vez que estou encontrando esse clássico. Toca fundo em meu coração e me mareja as vistas. Ás vezes me sinto pai de Carlito, o próprio bêbado, o irmão do Henfil, as Marias e Clarices, a dor pungente e a esperança na corda-bamba, e na maior parte delas em sinto o meu país!
Esta canção faz parte da trilha sonora da minissérie brasileira “Queridos Amigos” de Maria Adelaide Amaral (“A Muralha”, “Um Só Coração”, “JK”), baseada num livro de sua autoria denominado “Aos Meus Amigos” e com a direção de Denise Saraceni (“Da Cor do Pecado”, “Belíssima”). Para mim só isso bastava para não perder um capítulo sequer. Porém o choque foi bem maior. Se em determinados momentos sentia o meu ego brasileiro aguçado ao ouvir essa canção, quando comecei a acompanhar “Queridos Amigos” me emocionei tato quanto ou mais. Pude encontrar naquela minissérie muitos outros pedaços de Brasil. O Brasil que me encanta e que não se entrega a qualquer moda de “Créu”.
A história se passa no final dos anos 1980 (década das trevas) onde tínhamos uma pátria em fase de abertura, cheia de incertezas e medos. Seus personagens viveram o período mais negro de nossa história e levaram um pouco dela para suas vidas. Assim, cada drama não é simplesmente um drama individual e suicida, é um drama do nosso Brasil.
No tabuleiro desta feira tem o pacificador (que objetiva unir a todos afim de uma convivência harmoniosa), tem a desesperança, a ironia e o pessimismo, a traição, a dor, a cumplicidade, o abandono, a mágoa, a ideologia, o medo, a falta de criatividade, o rancor... Ingredientes de uma sociedade em seus trancos e barrancos. Entender esses lados e recuperar o que há de bom neles é a verdadeira missão desse novo Brasil e trazer assim de volta a esperança no olhar de cada um.
“Queridos Amigos” vai além de uma simples estória de amizade ela nos une ao que de melhor nosso Brasil pode dar. Tanto em safra de talentos (um elenco brilhante hehhehe) quanto em patriotismo.
Vale conferir!
Foto (site G1)

“Manual Básico do Bom Editor”

Sem boa comunicação na há informação. Mesmo parecendo sologan de prêmio publicitário, esta deixa fomenta um interessante legado no estudo do jornalismo e é de fundamental importância para o bom andamento desta profissão.
Comunicar é muito mais do que proferir palavras ao vento. É contar uma estória com a finalidade do entendimento por parte de um receptor e esse papel cabe ao editor (um guru dentro de um produto jornalístico) que tem mais que o poder, a obrigação de levar ao público a forma mais “digerível” dos fatos.
A partir disso, fica nas mãos deste profissional selecionar o que é de interesse ou não. Para isso ele deve possuir uma bagagem cultural e histórica vasta que o leve a compreender a positividade ou negatividade do que ocorre se baseando em exemplos de outrora. Reparar também o nível de quem lê seu material para não se inserir fora de seu contexto (distanciando-se deste indivíduo) e tentar ao máximo se desfazer de doutrinas, idealismos e concepções para não comprometer a imparcialidade.
Na teoria tudo é muito “bonitinho”, porque o que podemos notar na prática em nosso meio é a incessante busca pelo status, que faz com que o profissional da comunicação se submeta a verdadeiras barbáries como a manipulação de entrevistas e/ou entrevistados, a parcialidade de opiniões, o “bandeirismo” político-partidário, a omissão e a corrida sensacionalista.
Mudar toda essa triste realidade é uma das metas do jornalismo no século XXI e este trabalho deve começar por um indivíduo na redação: o editor, o homem que dá sentido às palavras.

domingo, 9 de março de 2008

Troféu Imprensa completa 50 anos ainda mais caduco

Agora a pouco se encerrou a 50ª edição do prêmio Troféu Imprensa, realizado pelo SBT. A premiação parte da escolha de profissionais que fazem a cobertura televisiva brasileira por meio de rádio, TV, jornais e revistas. Também foram anunciados os campeões do Troféu Internet de escolha do público. Esta edição homenageou o jornalista e criador do prêmio, Plácido Manaia Nunes (foto) que faleceu em 2007.
Comandado pelo animador Sílvio Santos já era imaginado o que se passaria na gravação. Reconhecimento por alguns, baboseiras ditas por outros. O Troféu Imprensa chegou aos 50 anos sem a credibilidade de antes, mas com a aprovação popular cada vez maior.
Os cantores premiados foram Ivete Sangalo e Daniel (ambos receberam os dois prêmios). O cantor sertanejo protagonizou o momento mais pitoresco da premiação. Ele havia entrado no palco para receber dois prêmios anteriores quando inesperadamente o apresentador anunciou a categoria de intérprete de 2007, e na presença do concorrente (que, vale salientar, não teve nenhum trabalho expressivo no ano passado) abriu a votação. Os jurados se sentiram na obrigação de dar a estatueta a Daniel. Coisas do Sílvio, ele pode!
A emissora campeã foi mais uma vez a TV Globo que teve onze premiados: Programa de Entrevistas, Altas Horas (Imprensa) e Programa do Jô (Internet); Jornalístico, Globo Repórter (Internet); Novela, Paraíso Tropical (Imprensa e Internet); Atriz, Camila Pitanga de Paraíso Tropical (Imprensa e Internet); Ator, Wagner Moura de Paraíso Tropical (Imprensa e Internet); Revelações, Gustavo Leão de Paraíso Tropical (Imprensa) e Íris Stefanelli participante do Big Brother Brasil 7 (Internet); Apresentador, Luciano Huck pelo Caldeirão do Huck (Imprensa e Internet); Apresentadores de Telejornal, Fátima Bernardes (Imprensa) e William Bonner (Internet) do Jornal Nacional e, por fim, Telejornal, Jornal da Globo (Imprensa) e Jornal Nacional (Imprensa e Internet). Outros indicados da Globo foram Estrelas (Programa de Entrevistas), Fantástico (Jornalístico), Duas Caras (Novela), Alessandra Negrini e Glória Pires (Atriz), Lázaro Ramos e Tony Ramos (Ator), Fausto Silva (Apresentador), Angélica por Vídeo Game (Apresentadora), Sítio do Picapau Amarelo e TV Xuxa (Programa Infantil) e Toma Lá, Dá Cá (Programa Humorístico). Parabéns ao “Toma Lá!”.
Jogando em casa, o SBT ficou com o segundo lugar na premiação: Hebe venceu como Apresentadora (Imprensa e Internet); Carlos Nascimento dividiu com Fátima Bernardes o prêmio de Apresentador de Telejornal (Imprensa) e o Bom Dia e Cia. Venceu como Programa Infantil (Imprensa e Internet).
A nova poderosa Rede Record conseguiu dois prêmios, Programa Jornalístico com Domingo Espetacular (Imprensa) e Vidas Opostas na categoria Novela (Imprensa), esta dividindo com Paraíso Tropical. Ainda concorreram a prêmios Márcio Garcia de O Melhor do Brasil (Apresentador), Jornal da Record (Telejornal), Eliana (Apresentadora) e Show do Tom (Programa Humorístico).
A Redetv! ganhou apenas uma estatueta. Lógico que foi a inigualável turma do Pânico na TV, mais uma vez eleita como a melhor produção humorística do ano (Imprensa e Internet).
Os últimos prêmios couberam aos grupos Babado Novo e NX Zero eleitos como melhores grupos musicais de 2007, recebendo o Troféu Imprensa e o Troféu Internet respectivamente.
Participaram ainda da festa no intuito de receber prêmios antigos Augusto Liberato, Carlos Magalhães (diretor do Sítio do Picapau Amarelo), Yudi e Priscila (apresentadores do Bom Dia e Companhia), o grupo musical Skank, Joelma e Chimbinha da Banda Calypso, Adriana Araújo (âncora do Jornal da Record), e a impressionante participação de estrelas do casting da TV Globo como Giulia Gam, Tony Ramos e Tarcísio Meira “encerrando a festa com chave de ouro!” como exprimiu exaltadamente o “Homem do Baú”.
Outro acontecimento importante do programa foi a exemplificação de ateísmo mostrada por Sílvio. Isso dá cabo a outra discussão.
O que podemos tirar de conclusão da qüinquagésima festa do Troféu Imprensa é que ele está a cada dia mais ultrapassado e cada vez mais ligado a mercado do que a qualidade. Também algo que se sobressai disso é a marcação com emissoras como é o caso da Globo, que poderia até ter sido mais premiada (se é que precisava!).
Para concluir vamos a frase do anfitrião para encerramento do Troféu: “Como está na moda, fiquem com Deus!”.

Obama, o rei do "caucus"


O candidato democrata Barack Obama venceu ontem (08) mais uma disputa direta do partido para se tornar o representante da chapa nas eleições americanas em novembro. Com 61% dos votos ele foi o vencedor da disputa no estado de Wyoming, deixando a senadora Hillary Clinton com 38% do eleitorado.

Existem duas formas de votação na escolha dos candidatos que irão disputar a "Casa Branca" nos Estados Unidos: as prévias, que é a forma como conhecemos a democracia aqui no Brasil, ou seja, o voto direto, e o "caucus", que é na verdade a reunião de grupos dentro do partido para escolher seu representante, quanto mais grupos tiver a seu favor o candidato se torna vencedor (elege maior número de delegados).

Desde de o início da escolha do candidato democrata só perdeu um "caucus", no estado de Nevada, o que mostra que o senador Barack está conquistando os grupos minoritários da sociedade americana. Um verdadeiro "show de bola" numa eleição tão complicada como a norte-americana.

Num quadro geral a disputa está da seguinte forma: Obama possui no momento cerca de 1.527 delegados contra cerca de 1.428 de Hillary. Lembrando que para se tornar candidato democrata são necessários 2.025 delegados.

Não há nada definido!

Terça-feira (11) acontecerá uma nova batalha entre os dois, nas prévias do estado de Mississipi.


Foto: (3.mar.2008/Eric Gay/AP)

“Desmundo”: Retrato fiel de um destino cruel


Você já pensou como seria a vida de nossas antepassadas portuguesas no século XVI aqui no Brasil? Se imaginou um paraíso repleto de belas paisagens, heróis, vestidos luxuosos, criadas nativas fazendo se tornar realidade todos os seus caprichos, esqueça de vez. A realidade dessas mulheres que foram obrigadas a cruzar o Oceano Atlântico para servirem de meros objetos procriadores no “Novo Mundo” é retratada de forma singular no filme de Alan Fresnot, “Desmundo”. O drama conta a história de Oribela (Simone Spoladore), uma jovem órfã lusitana trazida às terras recém descobertas para servir de escrava sexual e “colaborar” com o processo de povoamento do Brasil. Casa-se, contra sua vontade, com Francisco (Osmar Prado), um homem rude que a enclausura em seu mundo e a submete a inúmeras barbaridades, pelo simples fato de achar que é seu dono. Em busca da tão sonhada liberdade Oribela encontra o comerciante Ximeno (Caco Ciocler) e vê, em seus olhos, não apenas a chance de voltar a sua amada Portugal, mas também um amor inesperado.
“Desmundo” é uma história envolvente que prende o espectador até o fim. Porém se engana aquele que aposta simplesmente nesse fator para considerar o filme como de boa qualidade. O que verdadeiramente chama a atenção na película são os riquíssimos detalhes, que nos insere inteiramente nesse capítulo da nossa história, levando ao espectador muito mais que entretenimento, conhecimento (a crueza dos hábitos dos colonos chama mais atenção do que as cenas de sexo, imaginem só!). Poucos trabalharam com tanta propriedade a realidade da colonização brasileira.
A equipe de produção e execução trabalha impecavelmente os figurinos, os cenários, o retrato do cotidiano, todavia o mérito mais considerável dentre eles cabe aos roteiristas. O roteiro foi escrito com um linguajar colonial fidelíssimo, tanto que é preciso acionar as legendas para compreender o enredo do filme. Único.
Contando ainda com a brilhante união de um elenco de grandes estrelas como Osmar Prado, Simone Spoladore, Caco Ciocler e Beatriz Segal (¡Adiós! Odete Roitmann) e atores do círculo “alternativo”, que vieram do teatro, de grande talento, como Débora Olivieri e uma digerível atuação de Cacá Rosset. “Desmundo” tem tudo para derrubar o mito de que aqueles tempos eram melhores, principalmente para as mulheres.
Nas melhores locadoras!

sábado, 8 de março de 2008

Chicago: Uma montagem de sucesso que se reinventa, mas não perde sua essência

Enquanto, nos meados da década de 1920, um renomado repórter do jornal Chicago Tribune chamado Maurine Watkins cobria surpreendentes fatos criminosos e hercúleos julgamentos de jovens que matavam seus cônjuges ao se embriagarem com os vícios de uma nova sociedade em construção no século XX, vinha aos poucos em sua mente aquilo que seria um dos maiores clássicos do teatro moderno. Em 1926 foi produzida a primeira versão do que conhecemos hoje por “Chicago – O Musical” , com o título de “The Brave Little Woman” já arrebatando um considerável número de críticas positivas. A história de uma bela assassina em busca da fama iria para as telonas em duas oportunidades: num filme mudo de 1927 com o título mais conhecido “Chicago” e no ano de 1942, sendo estrelado pela diva Ginger Rogers, com o título “Roxie Hart” (nome da personagem principal da trama).
Contudo, quase 50 anos depois da primeira versão teatral de “Chicago” , John Kander, Fred Ebb e Bob Fosse (monstros sagrados da história dos musicais) adaptaram e coreografaram aquele texto profético e atemporal. O ano era 1975 e a Broadway nunca mais seria a mesma depois de conhecer a história de Roxie e Velma Kelly (Gwen Verdon e Chita Rivera). Esta versão não duraria muito, já que teve de enfrentar as mazelas trazidas pela Guerra do Vietnã e o escândalo do Watergate sobre a arte popular.
A principal marca de “Chicago” é a sensualidade e o sinismo que se encaixam muito bem como crítica ao rigoroso e concorrido mundo da fama que conhecemos. Roxie Hart é uma menina “ingênua” que sonha em ser uma vedete de um cabaré no subúrbio da cidade de Chicago. Mesmo casada com Amos Hart mantém um relacionamento extraconjugal com Fred Caseley, na promessa de substituir Velma Kelly no posto de diva. Velma havia sido presa por assassinar seu marido e sua irmã (e companheira de palco) em adultério. Depois de descobrir que toda história de Fred é mentira Roxie o mata e acaba indo parar numa prisão feminina encontrando inúmeros casos como o seu. Encontrando a própria Velma, inclusive. Dentro dessa prisão encontramos personagens que transbordam corrupção como Mama Morton, a chefe da carceragem, que sobrevive na base do “Toma lá, dá cá” com as internas. Billy Flynn, advogado número um da cidade, também não foge à regra de corrupção e usa da ironia e de seu carisma para inocentar “suas” garotas e assim tirar vantagens financeiras. Ainda tem uma mulher rica que mata seu marido e duas amantes, mentiras sobre gravidez e diários violados. Arrematando tudo, vale ressaltar, que a única inocente é mandada à forca. A peça tratava toda essa trama com a interação musicada dos personagens.
Depois de passar algumas décadas “Chicago” voltou aos palcos da Broadway em 1996 e está em cartaz até os dias de hoje. Ainda com uma das maiores bilheterias da casa de espetáculos. A peça coleciona alguns Tony’s a premiação máxima das artes dramáticas em teatro dos Estados Unidos.
No ano de 1994, a Miramax Films comprou os direitos para levar às “telonas” o grande sucesso. Foram anos de testes e projetos, porém sem nenhum sucesso e continuação. Só no início dos anos 2000 foi que a produtora conseguiu encontrar uma forma adequada de apresentar a história ao público nos cinemas. E esta missão foi dada a Rob Marshall, um veterano em produção de musicais, no teatro. O filme só ficou pronto em 2002.
A principal mudança, fundamental para o sucesso da nova versão de “Chicago” foi mudar o foco das narrativas musicais. Deixaram de ser ações do cotidiano (pouco imagináveis no dia-a-dia) e tornaram-se frutos da imaginação da ambiciosa protagonista, que passou a viver num mundo paralelo, onde os principais acontecimentos de sua vida eram números musicais extraordinários.
A última versão cinematográfica de “Chicago” deu outra vida a essa história clássica, o que fez dela cada vez mais mutante e atual. Algo que acontece atualmente e até com bastante freqüência. Além de se auto-afirmar, a produção adaptada para o cinema consolidou a volta dos musicais filmados e reascendeu outros clássicos, como “O Fantasma da Ópera”, “Rent”, “Hairspray”, “Dreamgirls: Em Busca da Fama”, dentre outros. Também fez com que descobríssemos novos talentos nesta forma de arte fazendo com que ela se reinventasse.

Fonte da foto (Google)